03 julho 2023

ROBERT GORDON

Robert Gordon: o cantor que reviveu o rockabilly nos anos 70


Robert Gordon foi um dos pioneiros do revival do rockabilly, o estilo de rock and roll que surgiu nos anos 50 com artistas como Elvis Presley, Gene Vincent e Eddie Cochran.

Com uma voz potente e romântica, Gordon soube resgatar a essência do gênero e atualizá-lo para o público dos anos 70, contando com a parceria de guitarristas lendários como Link Wray, Danny Gatton e Chris Spedding.

Neste post, conheceremos um pouco mais sobre a trajetória e a influência desse cantor que faleceu em outubro de 2022, aos 75 anos, vítima de leucemia.


Robert Gordon foi um cantor que reviveu o rockabilly nos anos 70. Conheça sua trajetória e sua influência no rock and roll.


As origens e as influências de Robert Gordon


Robert Gordon nasceu em 1947 em Bethesda, Maryland, nos Estados Unidos. Filho de uma família judia, ele se apaixonou pelo rock and roll aos nove anos, quando ouviu “Heartbreak Hotel” de Elvis Presley no rádio.

Desde então, ele decidiu seguir a carreira de músico, inspirado também por outros ídolos do rockabilly como Gene Vincent e Eddie Cochran.

Aos 17 anos, ele fez sua estreia em disco com um grupo chamado The Confidentials, e depois participou de outras bandas locais como The Newports. Aos 19 anos, ele se casou e teve dois filhos.

Gordon não se identificava muito com a cena musical dos anos 60, preferindo os cantores de soul como James Brown e Otis Redding.

Para evitar ser enviado para a Guerra do Vietnã, ele se alistou na Guarda Nacional em Washington, D.C. Em 1970, ele se mudou com a família para Nova York, com a intenção de abrir uma loja de roupas.

Porém, ele mudou seus planos quando conheceu o movimento punk que surgia no clube CBGB. Ele se tornou membro da banda pop-punk Tuff Darts, com quem gravou algumas faixas para um álbum coletivo chamado “Live at CBGB's”, lançado em 1976 pela Atlantic Records.


Album robert-gordon-rockabilly-for-life - Robert Gordon: o cantor que reviveu o rockabilly nos anos 70


A parceria com Link Wray e o sucesso do Rockabilly


Foi nessa época que Gordon chamou a atenção do produtor Richard Gottehrer, um veterano da música pop que havia escrito sucessos como “My Boyfriend's Back” e “I Want Candy”.

Gottehrer ficou impressionado com a voz de Gordon e sua versão de “One Night”, um clássico de Elvis Presley.

Ele convenceu Gordon a voltar às suas raízes e fazer um disco de rock and roll. Gordon aceitou a proposta e sugeriu trabalhar com o guitarrista Link Wray, um dos pioneiros do rock instrumental e da distorção na guitarra.

Wray aceitou o convite e os dois gravaram juntos dois álbuns: “Robert Gordon with Link Wray” (1977) e “Fresh Fish Special” (1978), ambos lançados pela Private Stock Records.

Os discos traziam versões de clássicos do rockabilly como “Red Hot”, “The Way I Walk”, “Twenty Flight Rock” e “Lonesome Train”, além de composições próprias como “Red Cadillac and a Black Moustache” e “Five Days, Five Days”.

Os álbuns também contaram com participações especiais como as do grupo vocal The Jordanaires, que acompanhava Elvis Presley. O cantor e compositor Bruce Springsteen, cedeu a música “Fire” para Gordon (que depois seria um hit nas vozes das Pointer Sisters) e tocou teclado na faixa.


Robert-Gordon-Black-Slacks - Robert Gordon: o cantor que reviveu o rockabilly nos anos 70


Os discos de Gordon e Wray foram bem recebidos pela crítica e pelo público, especialmente na Europa, onde o Rockabilly tinha uma legião de fãs.

Gordon se tornou um dos principais expoentes do revival do gênero, antecipando o sucesso que os Stray Cats teriam nos anos 80.

Ele também se apresentou em programas de TV como American Bandstand e Saturday Night Live, mostrando seu visual retrô e sua performance carismática.


robert-gordon-Live-Fast-Love-Hard - Robert Gordon: o cantor que reviveu o rockabilly nos anos 70


As colaborações com Danny Gatton e Chris Spedding


Após dois álbuns com Link Wray, Robert Gordon assinou com a RCA Records e passou a trabalhar com outro guitarrista virtuoso: Danny Gatton, um músico de Washington, D.C. que misturava rockabilly, blues, jazz e country em seu estilo.

Juntos, eles gravaram os álbuns “Rock Billy Boogie” (1979) e “Bad Boy” (1980), que mantiveram a qualidade e a fidelidade ao rock and roll dos anos 50, com destaque para as faixas “Rock Billy Boogie”, “Black Slacks”, “The Catman” e “Sea Cruise”.

Em 1981, Gordon trocou de guitarrista novamente e se uniu ao britânico Chris Spedding, que já havia tocado com artistas como John Cale, Bryan Ferry e The Sex Pistols.

Spedding trouxe uma sonoridade mais moderna e diversificada para o som de Gordon, incorporando elementos do new wave, do rockabilly e do pop.

Eles lançaram os álbuns “Are You Gonna Be the One” (1981) e “Too Fast to Live, Too Young to Die” (1982), que incluíram canções como “Are You Gonna Be the One”, “It's Only Make Believe”, “Summertime Blues” e “The Fool”.


A carreira solo e o legado de Robert Gordon


Depois de quatro álbuns com Chris Spedding, Robert Gordon iniciou uma carreira solo que durou até sua morte em 2022.

Ele continuou gravando e se apresentando pelo mundo, sempre fiel ao seu estilo Rockabilly.

Ele também fez algumas incursões no cinema, atuando em filmes como “Unmade Beds” (1976), uma homenagem ao cineasta francês Jean-Luc Godard dirigida pelo underground Amos Poe, e “The Loveless” (1981), um drama sobre uma gangue de motoqueiros co-dirigido por Kathryn Bigelow.

Robert Gordon foi um dos responsáveis por manter vivo o espírito do rock and roll dos anos 50, resgatando clássicos esquecidos e apresentando-os para novas gerações.

Ele também foi um dos primeiros a fazer a ponte entre o punk rock e o Rockabilly, mostrando que ambos tinham em comum a rebeldia, a energia e a simplicidade.

Sua voz marcante e sua presença de palco inspiraram muitos outros artistas que seguiram seus passos, como Brian Setzer, Morrissey, The Cramps e Social Distortion.


robert-gordon-too-fast-to-live-too-young-to-die - Robert Gordon: o cantor que reviveu o rockabilly nos anos 70


As carreiras solo dos integrantes originais da banda


Robert Gordon não foi o único membro da banda original que fez sucesso na carreira solo. Os outros integrantes também seguiram seus próprios caminhos e deixaram sua marca na música.

Link Wray foi um dos guitarristas mais influentes da história do rock, sendo considerado o pai da distorção e do power chord.

Ele começou sua carreira nos anos 50 com o hit instrumental “Rumble”, que foi banido de algumas rádios por supostamente incitar a violência.

Ele continuou gravando discos de rock instrumental até os anos 90, explorando também outros gêneros como o country, o blues e o rock psicodélico. Ele morreu em 2005, aos 76 anos.

Danny Gatton foi um dos guitarristas mais virtuosos e versáteis de todos os tempos, capaz de tocar qualquer estilo com maestria.

Ele foi apelidado de “O Mestre Desconhecido” por sua falta de reconhecimento comercial, apesar de seu talento indiscutível.

Ele gravou vários discos solo e acompanhou artistas como Roger Miller, Emmylou Harris e Robert Gordon. Ele se suicidou em 1994, aos 49 anos.

Chris Spedding é um dos guitarristas mais requisitados da Inglaterra, tendo tocado com nomes como John Cale, Bryan Ferry, Roxy Music, The Sex Pistols, Paul McCartney e Elton John.

Ele também lançou vários discos solo, sendo o mais famoso “Motor Bikin'” (1975), que continha o hit homônimo. Ele continua na ativa até hoje, gravando e se apresentando com diversos artistas.